17/02/2009

CARTA ABERTA SOBRE A CULTURA DE MOGI DAS CRUZES

Janeiro de 2009

Carta Aberta Sobre a Cultura de Mogi das Cruzes

Caro Senhor Secretário Municipal de Cultura Sr. José Luiz Freire.

Aproveitando o momento de transição pelo qual passa a gestão municipal de cultura (voltando a ser parte de uma Secretaria de Governo e não mais uma coordenadoria), um grupo de artistas e pensadores se reuniu para a criação de um movimento de proposição, denominado MOVIMENTO ARTÍSTICO LIVRE.

Nosso objetivo é abrir uma frente de diálogo com o poder público e contribuir efetivamente para que nossa cidade desenvolva uma estrutura sustentável de apoio à produção cultural e artística, visando a criação de uma Política Cultural ampla, forte e democrática que tenha sustentabilidade em todas as áreas artístico-culturais.

Assim, elegemos e sugerimos quatro pontos que julgamos ser fundamentais para a classe artística da cidade:

1 – Organograma da Secretaria e capacitação técnica.
Sugerimos que haja, na Secretaria de Cultura, funcionários que tenham conhecimento artístico para dialogar com os artistas usando a mesma linguagem. Por exemplo, para as questões de música, seria adequado haver um coordenador com conhecimento de produção musical para atender e/ou orientar os músicos nos eventos de música. O mesmo seria seguido para artes plásticas, teatro, literatura, patrimônio histórico, cultura popular, cinema, “hip hop” e cultura de rua, entre outros.
Deste modo, através dos coordenadores de área, os eventos culturais serão multiplicados e a produção, otimizada.
Da mesma maneira é necessária a capacitação de funcionários que tenham funções de apoio às apresentações artísticas nos espaços municipais, como, por exemplo, iluminadores, técnicos de som etc.
Essa organização, com funcionários técnicos, acontece com sucesso, por exemplo, na cidade de São Paulo.

2 – Formação de Produtores Culturais.
Sugerimos que sejam realizados: um mapeamento real de artistas e grupos artísticos da cidade e um ciclo de formação com foco em produção prática para todos os interessados.
Hoje percebemos que há vários artistas em atividade na cidade. Porém, poucos conseguem produzir e veicular suas obras para a sociedade de maneira eficiente e adequada. Muitas vezes, tarefas importantes como divulgação da obra (show, exposição, espetáculo, filme etc), recepção e acomodação do público, captação de recursos financeiros, entre outras, não são efetivamente realizadas. Isso dá um caráter improvisado às obras e aos eventos.

3 – Criação de Leis de Fomento e Incentivo à Cultura de Mogi das Cruzes.
A aprovação de leis municipais de fomento e incentivo,que representam uma das discussões mais atuais no cenário artístico nacional, significando a independência e o acesso a recursos para realizar pesquisas e produzir obras de referência que colocarão a cidade de Mogi das Cruzes não apenas como importante do ponto de vista histórico e patrimonial mas também como celeiro de produções artísticas contemporâneas.

4 – Estrutura de apoio às apresentações/exposições.
Sugerimos um mapeamento dos espaços municipais de apresentação/exposição existentes na cidade, visando suprir as deficiências existentes para que possam ser utilizados com eficiência. Dessa maneira, devem ser identificados necessidades de manutenção nos espaços e equipamentos existentes (estrutura predial, som, luz, entre outros).
Também importante é o desenvolvimento de uma estratégia de comunicação por parte da Secretaria Municipal de Cultura para informar à população sobre todos os eventos artísticos e culturais que estejam acontecendo em Mogi das Cruzes. Um exemplo desse item é a confecção e manutenção de uma Agenda Cultural a ser publicada na Internet e impressa e distribuída gratuitamente em locais de grande circulação da cidade.

É importante observar que estes quatro pontos se relacionam entre si e a partir deles será possível criar uma estrutura para que Mogi das Cruzes tenha uma produção artística e cultural múltipla e de qualidade reconhecida.


O Movimento Artístico Livre é um movimento independente que, através deste documento, espera sinceramente dar início a um diálogo franco e aberto entre o poder público e a sociedade.

Agradecemos a acolhida de nossas idéias e aguardamos a continuidade desse diálogo.

Participaram da reunião que originou este documento: Manoel Mesquita Jr. (teatro), Priscila Nicoliche (teatro), Meyson (cultura popular), Gui Cardoso (música), Rogério Moura (teatro), Paulo Pinhal (arquiteto e curador cultural), Rodolfo Médici (teatro), Mario Sérgio (historiador), Fernades Jr. (teatro), Tuany Vieira (teatro), Marcio Cardoso (produtor musical), Cleyton Pereira (teatro), Mateus Sartori (música e produtor cultural), Cristiane Pereira (teatro) e Jam (artes plásticas).

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